“EDUCAR EM TODOS OS CANTOS”
LETRAS DAS MÚSICAS CONSTANTES DO CD
(10 letras e músicas – Paulo Roberto Padilha)
. Era uma vez eu mesmo
Era uma vez eu mesmo, louco, alucinado, correndo por aí, a esmo
Querendo respostas absurdas para tudo, procurando entender o sentido da vida
Eu era frágil como uma margarida. Eu queria saber os porquês de tudo
Prá compreender a existência do mundo, por que tudo é tão assim maravilhoso
Excitante e ao mesmo tempo tão perigoso (3 x)... Tão perigoso (3x)
Tão perigoso é nascer, tão perigoso é viver
Tão perigoso é acreditar sem contestar nada, acreditar sem contestar nada
Tão maravilhoso é amar e se dar, tão maravilhoso é fazer sorrir
Tão maravilhoso é preservar a natureza, maravilhoso é preservar a natureza
Tão excitante é lutar contra a corrente, tão excitante é excitar tanta gente
Tão excitante é cantar e emocionar o valente, é cantar e emocionar o valente
Tão perigoso (...) Valente
2. O retirante
É uma loucura viver na cidade grande
Mas é gostoso olhar os arranha-céus
Um corre-corre
Gente prá tudo o que é lado
Tem alguém dependurado
Um já foi pro “beleléu”
Pobre rapaz, devia estar bem atrasado
Foi pro céu adiantado
Feito massa de pastel
Cheguei faz pouco
E já trouxe o saco cheio
De novidades para o povo me comprar
Só que disseram: – Isso é tudo obsoleto
Mas eu disse:
– É amuleto e dá sorte “prá danar”
Mas tá difícil encontrar um lugarzinho
Prá abrir o meu saquinho
E começar a faturar
Ai, ai, ai, meu bem
Cidade grande é disputada “prá danar”
Tem alemão, tem japonês, tem nordestino
Tem gaúcho e argentino
Gente de todo lugar
Que faz de tudo
Vende o corpo, rapadura,
Erva prá toda frescura que se pode imaginar
Ai, ai, ai, meu bem
Cidade grande é disputada prá valer
Sou cabra macho vou comprar um peixeira
Vou comprar peixe na feira
Prá poder trazer você
O tempo passa mas não passa a correria
Uma fumaça faz o céu escurecer
Se fala tanto numa tal de ecologia
Parece que é porcaria que tá prá acontecer
Deus que me livre, Virgem Santa, Ave Maria
Credo em cruz, Santa Luzia
Eu preciso me benzer
Qualquer dia desses vou voltar
Prá minha terra, prá matar minha saudade
Esquecer toda maldade
Que “cheirei” neste lugar
Cidade grande é a coisa mais danada
Dorme gente na calçada que nem tem onde
morar
Que nem eu mesmo
Que já tô com o pé gelado
Cheguei ruim, tô piorado
Se ficar vou me acabar
Qualquer dia desses vou contar
A minha vida, sou um cidadão do mundo
Feito um rei, um vagabundo
Que não pára de sonhar
A minha luta vou guardando na memória
Retirante faz a história prá o futuro melhorar
Porque na vida tanta coisa acontece
E a gente bem que merece
Ser feliz e se encontrar
3. Paisagem
Sonhar
É mais que alimentar sementes
É a fragrância de um perfume
Que só quem sonha é que sente
Sem mais nem menos nos revela
O inconsciente, o inconsciente
Viver
É não fugir de uma paixão
Prá não fazer sofrer o coração
Que teima em ser aprendiz
Que sempre quer ser mais feliz
Que sempre quer ser mais feliz
Quem vive
Melhor vive se sonhar
O amor é um sonho em alto mar
Que nunca tem fim
E que é mais intenso, mais eterno
Ao desabrochar, ao acordar
Ao acordar, ao acordar, ao acordar
E que é mais intenso e mais eterno
Ao desabrochar, ao acordar, ao acordar
E que é mais intenso e mais eterno
Sonhar
É o nascer de um desejo ardente
Que brota da flor do presente
E que tem gosto de amanhã
Que tem cheiro de hortelã
Que tem cheiro de hortelã
Viver
É realizar o sonho agora
E é dizer a toda hora
Amor te amo prá valer
Amor te amo prá valer
Amor te amo prá valer
E como é possível evitar
O encanto da paisagem desse olhar
Que faz renascer em mim
A esperança que nunca se cansa
De voar, de voar, de voar
A esperança que nunca se cansa
De voar, de voar, de voar (...)
A esperança
Que nunca se cansa...
4. O relógio (letra em parceria com aparecida arrais padilha)
Tic-tac, tic-tac
O relógio faz assim Refrão (BIS)
Tic-tac, tic-tac
Que parece não ter fim
O relógio é meu amigo
Quando é hora de acordar
Me avisa depressinha
Vamos, vamos levantar
Que o sol está nascendo
Venha ver o sol raiar
Já é hora de sair
Logo é hora de voltar
Tá na hora do almoço
Da escola e do jantar
O relógio está dizendo
Que é hora de brincar
Vamos aprender com canção e poesia
Vamos responder com muita alegria
Preste atenção, todo mundo
Um minuto quanto tem?
Tem sessenta segundos!
Um minuto quanto tem?
Tem sessenta segundos!
E sessenta minutos? Quem souber responda agora
Sessenta minutos são iguais a uma hora!
E sessenta minutos? Quem souber responda agora
Sessenta minutos são iguais a uma hora!
E quantas horas tem um dia?
Vinte e quatro horas!
Quantas horas tem um dia?
Vinte e quatro horas!
O relógio tem um ponteirinho: como ele aponta as horas?
Devagarzinho!
Como ele aponta as horas?
Devagarzinho!
E o ponteirão, mais espertinho, o que é que ele aponta?
Os minutinhos!
O que é que ele aponta?
Os minutinhos!
Refrão (BIS)
5. Semear
Semear!
Vamos, todos juntos, semear a paz
Somos o presente e o amanhã
Com muita alegria e prazer
Construir a escola cidadã
Um simples sorriso dá o tom
Um olhar cativa o nosso ser
Um abraço planta a união
E aumenta o nosso desejo de aprender
Pois tudo é tão incrível
A vida e a razão de viver
Acreditar que um outro mundo é possível
Depende de nós e eu quero esquecer
Todo mau humor e toda violência
É legal respeitar e também valorizar
As nossas semelhanças e as nossas diferenças
Vamos conhecer cantar com imaginação
Cada canto da nossa comunidade
Da nossa nação
somos as sementes, o plantio, a plantação
cuidamos da escola, da cidade
Do campo e do sertão
Tudo vai dar pé, será prá lá de bom
Mas isso depende da nossa participação Refrão (3x)
(falado...rap)
É isso aí, galera, a criança tem direitos
de dizer tudo o que pensa
Sobre o que lhe diz respeito
Sobre o mundo em que vive
Sobre o sociocultural
Sobre as tecnologias e o socioambiental
Nossa galera é jovem, adolescente e criança
Que defende os seus direitos
Que não perde a esperança
De ser mais escutada
De provocar transformações
E de ecologizar todas as nossas relações
A criança e o adulto precisam interagir
Prá melhorar nosso planeta todos devem se unir
Isso tudo se consegue com ciência e muita arte
E participar é mais do que apenas fazer parte
Vamos nessa, garotada, essa é a nossa era
A criança vem provar que não é sala de espera
Para ser adulto e para apenas aprender
Ela tem o que ensinar e ela tem o que dizer
Vamos lá, vamos lá, sementes de primavera
Vamos lá, vamos lá, plantio e toda galera
Matricular a cultura do aluno na escola
Exercer cidadania é escrever a própria história
Tudo vai dar pé, será prá lá de bom
Mas isso depende da nossa participação Refrão (3x)
6. Aviso aos navegantes1
Algum dia
Quem sabe alguns anos
Numa madrugada como esta
Comece a refletir
Pare prá pensar
E olhar prá si mesmo ou à sua volta
Notará coisas erradas,
Embaralhadas, esquisitas
E mal explicadas, mal ensinadas
Mal confessadas
Mal distribuídas, mal intencionadas
E ficará quase louco
Por pouco não salta
Do décimo andar (BIS)
Ou então se tranca no quarto
E desesperado se põe a chorar,
Chorar, chorar
Estará cheio de preconceitos
Impermeável, acabadinho
Discriminando credos e raças
Fazendo trapaças contra o seu vizinho
Descobrirá que a sua amada
Não te suporta, já não te ama
Evita qualquer contato e nunca atende
Quando você chama
E ficará quase louco
Por pouco não salta do décimo andar
Mas antes que tudo aconteça
Não me agradeça e tente
Acordar, mudar, lutar
E ficará quase louco
Por pouco não salta do décimo andar
Mas antes que tudo aconteça
Não me agradeça e tente
Acordar, mudar, cantar...
7. Trânsito parado2
A cidade parou
Não há mais o que fazer
Já li jornal
No mapa astral
Todos os caminhos
Levam a lugar nenhum
Já ouvi MP3
Deu na rádio outra vez
CPI atrasou
PCC atacou
E eu aqui no carro
Vacilando no inglês
O farol fechou
O meu motor ferveu
A van atropelou
Mais um motoqueiro morreu
Sem demora abri passagem
Prá ambulância salvar
Uma outra vida, quem sabe
A vida não pode esperar
A lida não deve parar
O sonho não quer acabar
O tempo não sabe voltar
Uê lê lê – uá lá lá
Com o trânsito parado (3x)
Nunca vou me acostumar
Solo
Insustentável é a vida urbana
Metrô lotado, ninguém dá carona
Preso no carro, somando toda vez
Dá uma semana
No período de um mês
Intransitável minha libido
Perdeu a hora, corro perigo
Já fui multado ao celular
Telefonei porque
Não sobrou tempo para amar
Ando estressado e sem dinheiro
Sempre correndo o ano inteiro
Quase enfartado, prá lá e prá cá
Reclamo do barulho
Mas buzino sem parar
Uê lê lê – uá lá lá
Com o trânsito parado (3x)
nunca vou me acostumar
8. Amigo
Quando você estiver em apuros
Sem ter com quem conversar
Quando você se sentir inseguro
Querendo desabafar
Quando estiver em cima da hora
Na hora de viajar
Quando você precisar de abrigo
Bem sabe pode contar
Não vá desesperançar
Não vá morrer ou matar
Quando você estiver dividido
Ajudo a multiplicar
E se quiser me pedir um conselho
Peça que irei ajudar
E quando quiser contar coisas boas
Saiba, também quero saber
Não permita que a saudade lhe doa
Longe ou perto estarei com você
Bem sabe e pode crer
Não vá calar e sofrer
Não vá matar ou morrer
Conte comigo, amigo
Que eu não irei lhe faltar
Se encontrar o perigo
Avise-o que estou prá chegar
Chame de qualquer lugar
Que o verdadeiro amigo
Apóia do jeito que for
Diz a verdade, acolhe
Na alegria e na dor
Na tristeza e no amor
E a gente vai se encontrar
E a gente vai de sul a sul (BIS)
E a gente vai melhorar
Essa sua vida, essa nossa vida
O nosso planeta azul, azul, azul
9. Deseducação
Estou dando ao meu filho
Uma boa educação
Faço tudo por ele
Ando até na contramão
Estou dando ao meu filho
A melhor educação
Por ele consigo até
Passar o farol vermelho
O farol vermelho
Toda manhã eu o levo
À escola, de carro
Canto pneu, estaciono em fila dupla
Ele acende o meu cigarro
O meu garoto é bem esperto
Pula o muro da escola
Quando chegamos atrasados
Esse trânsito é infernal
Faz de qualquer homem bom
Um animal
Parafernália de sinais
Placas, faixas, cones
Radares, policiais
Mas é bem emocionante
Recuperar o tempo no volante
Estou dando ao meu filho
Uma boa educação
Todas as noites
Eu mesmo faço a sua lição
Estou dando ao meu filho
A melhor educação
Só não entendo o porquê
De suas notas vermelhas
Sempre notas vermelhas
Todas as tardes eu o busco
Na escola, de moto
Sou um az na pilotagem
O meu menino é inteiro coragem
Não usamos capacete
Adoramos sol e vento
Quando subo nas calçadas
Livres do congestionamento
Ele fica tão feliz
Este garoto é o filho
Que eu sempre quis
Para ele eu sou herói
Nós brincamos de bandido e cowboy
Seu futuro ele constrói
“Me esforço” apenas
Prá ser um bom pai...
Estou dando ao meu filho
Uma boa educação
Faço tudo por ele
Ando até na contramão
10. Intertranscultural
Vem quem quer, vai quem quer
Faz quem tem coragem de fazer
O que for
Conquistar o poder
Libertar com amor
E sentir prazer, viver
Sim, existe utopia
A filosofia é reeducar
E promover o olhar
O encontrar das culturas
Transcender as rupturas
Do ser, e ser
1Música composta 13.03.1986, que reflete os problemas concretos da vida cotidiana da sociedade. Depois de 21 anos, continua atual. Até porque muitas injustiças da convivência social continuam “mal explicadas, mal ensinadas, mal confessadas, mal distribuídas, mal intencionadas” – o que nos exige permanente reflexão e ação, também no âmbito da educação.
2Música iniciada em 20.10.2006, dentro do carro, e concluída em 02.10.2006, em casa. Retornando a São Paulo, após uma conferência em outro Estado, passei mais de 3 horas num congestionamento monstro. A viagem aérea foi mais rápida que a terrestre, até porque, naquele dia, os controladores dos vôos “entenderam-se bem com os comandantes da Infraero”.
