Cidade Educadora
- Paulo Roberto Padilha
- 2 de ago. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de set. de 2019
Este foi o primeiro livro que tive o prazer de organizar, e justamente na companhia
de Moacir Gadotti, diretor fundador do Instituto Paulo Freire, e Alícia Cabezudo, à época
em que ela estava Diretora de “Ciudades Educadoras de América Latina (CEAL) – Direção
de Relações Internacionais. Municipalidade de Rosário, Argentina. Foi uma parceria
também com a Editora Cortez. Publicação de 2004, que lançamos oficialmente neste
mesmo ano, no contexto do Fórum Mundial de Educação de São Paulo, que aconteceu
de 01 a 04 de abril e reuniu mais de 100.000 pessoas.
Diversos autores latino-americanos escreveram neste livro, que foi uma coletânea
de textos sobre a Cidade Educadora, seus princípios e algumas experiências que se
sucederam desde a “Declaração de Barcelona”, de 1990, em Congresso acontecido
naquela cidade, no qual Paulo Freire, como Secretário Municipal de Educação de São
Paulo, representou o governo da primeira mulher nordestina Prefeita da cidade de São
Paulo, Luiza Erundina.
A Cidade Educadora é um movimento que em 2004 já contava com 261 cidades de
30 países, representadas por seus governos locais que assumiram os princípios da Carta
de Cidades Educadoras e se unem, desde lá – claro, Carta esta que vem sendo
atualizada historicamente – com o intuito de trabalhar em projetos de atividades para
melhorar a vida dos habitantes a partir de seu compromisso ativo na evolução da própria
cidade. A Coordenação Geral deste movimento é da Associação Internacional das
Cidades Educadoras (AICE). Sua história e atualidade pode ser encontrada no site desta
associação: http://www.edcities.org/dia-internacional-2019/
Aqui quero destacar a satisfação e as aprendizagens que tive ao assumir com
Gadotti e Cabezudo este árduo trabalho de organização de um livro, de uma publicação
tão importante, que ganhou o Brasil e é referência até hoje. Na verdade, traduzimos textos
de estudiosos e pessoas que, à época, já eram referência neste movimento.
Havia em 1990 e também, ainda, em 2004, um grande otimismo, e uma forte
esperança, do fortalecimento da democracia e do intercâmbio de experiências
educacionais entre os países; não foi por acaso que em 2000 nasceu o Fórum Social
Mundial (Porto Alegre) e, em 2001, com nossa forte presença enquanto proponentes e
membros do Conselho Executivo, da criação do Fórum Mundial de Educação.
Vale destacar aqui algumas ideias-força das Cidades Educadores, para a sua
reflexão posterior e, quem sabe, uma leitura mais aprofundada:
Toda cidade é educativa, mas não educadora. Ou seja: torna-se educadora se houver uma intencionalidade política, cidadã e que, portanto, decorra de uma decisão coletiva e participativa.
Exige-se a tomada de decisão dos governos locais, além de planejamento com alocação de recursos para que os projetos pensados coletivamente possam ser, de fato, concretizados.
É necessário: a) aprender a cidade – conhecer os seus diferentes cenários e experiências; b) aprender na cidade – quando os sujeitos são envolvidos e se envolvem nas ações intencionalmente educativas para transformar a cidade educadora; e, c) aprender da cidade – pois a cidade é uma fonte permanente de informações, que pode facilitar os nossos processos de aprendizagem. Aqui a própria cidade é um agende de educação (BRARDA, Arq. Analía; RÍOS, Lic. Guillermo. Argumentos e estratégias para a construção da cidade educadora. Pgs. 15-44. In: GADOTTI, Moacir; PADILHA, Paulo Roberto eCABEZUDO, Alíeica. (Orgs.). Cidade Educadora: princípios e experiências. São Paulo. Ed. Cortez/ Instituto Paulo Freire; Buenos Aires, Ciudades Educadoras América Latina, 2004).
Desta experiência, criamos e lançamos no Fórum Mundial de Educação de 2009,
em Belém-PA, contexto do Fórum Social Mundial, o Programa “Município que Educa”,
sobre o qual falarei também aqui, num futuro breve.
Termino com poema de Eduardo Galeano, citado neste livro “Cidade Educadora:
princípio e propostas, pelos autores já citados (Brarda; Rios; pg. 28): “Há um único lugar
onde ontem e hoje se encontram e se reconhecem e se abraçam, e este lugar é o
amanhã”.

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